#CarNEWSval: Fisgando leitores até o fim
Quem vai ler um romance não se renderá à história a menos que seja presenteado com uma introdução instigante.
Olá!
É tempo de folia. De fantasia. É Carnaval.
Como vai a animação por aí?
Por aqui, vamos botar o bloco de CarNEWSval na rua! Quero dizer, na web. :)
Esta edição faz parte do desafio literário #carnewsval sugerido no grupo de Newsletters.
Dito isso, incorporei uma intrigante personagem de Austen a quem entreguei a caneta, digo, a pena, para ela escrever a edição de hoje.
Espero que você se divirta durante a leitura, como eu me diverti ao escrever fantasiada dessa magnífica personalidade.
Afinal, é CarNEWSval!
Vamos a mais uma cartinha?
It is a truth universally acknowledged, that a single man in possession of a good fortune, must be in want of a wife.
Essa famosa frase de abertura do meu livro Orgulho e Preconceito revela-nos o tom que Jane Austen usou durante todo o romance. Certamente você também foi enfeitiçado por essa deliciosa ironia, não?
Minha criadora fez uso de tal recurso não apenas para chamar sua atenção a esse determinado aspecto da obra. Ela o fez, fundamentalmente, para criticar a sociedade burguesa da Inglaterra do final do século XVIII e início do século XIX, evidenciando comportamentos, costumes e valores inadequados, imorais, ou antiéticos desta classe social.
Um gancho excepcional, sem sombra de dúvidas.
O início sedutor
Se esta carta não é para ser entregue às chamas, quero considerar por onde a autora de um romance deve iniciar sua trama. Determinada a criar uma situação instigante, no início da história, e a ter o privilégio da companhia dos leitores e das leitoras até o final do livro, precisará oferecer uma introdução tão intoxicante quanto um bom vinho.
Devo começar por algum lugar e fá-lo-ei por meio de algo vindo da minha pena como um prazer viciante. Pensarei em uma situação inicial que envolva a protagonista do romance, pois é com ela que os leitores e as leitoras devem se conectar imediatamente.
A pergunta instigadora
No romance que a dona dessa newsletter está escrevendo, o gancho — eu soube que se usa essa denominação para a técnica literária de criar um começo atraente — foi cuidadosamente elaborado de modo a manter as pessoas interessadas na narrativa.
Nesse primeiro momento, tomou-se a decisão de apresentar a protagonista na primeira cena, agindo de acordo com sua personalidade, suas crenças, seus desejos, seus medos. A intenção era despertar algum tipo de emoção em relação a ela: simpatia, preocupação, raiva, quem sabe, preconceito, puxando a brasa para a minha sardinha, como vocês dizem.
Ao observá-la interagindo com a antagonista, quem iniciar a leitura obterá uma boa ideia da personagem. Ao fim do primeiro capítulo, não conseguirá largar o livro a fim de descobrir as respostas para indagações como essas:
o O que a protagonista fará para manter a decisão de ter um estilo de vida com mais liberdade e autonomia?
o Conseguirá levar a cabo seu projeto diante do ultimato do namorado e da reação contrária da melhor amiga?
o Ela será capaz de enfrentar as turbulências em seus relacionamentos, renunciará ao amor e à amizade ou encontrará uma maneira de conciliar tudo?
No romance de Austen, fui resistente às pressões de minha mãe e da própria sociedade para que me casasse o mais breve possível, de preferência com um homem rico que pudesse suprir-me financeiramente. Mas sucumbi à força de um amor genuíno.
Será que a protagonista desse romance que a autora dessa newsletter está produzindo também resistirá às pressões e se quedará ao amor? O que vocês acham?
Na próxima cartinha…
Sem fantasia, a dona desse espaço voltará a compartilhar a jornada de estruturação de seu primeiro romance. Na ocasião, falará sobre os pontos de virada que introduzirão elementos e eventos significativos que alterarão o curso da história.
Se perdeu algum dos passos anteriores do desafio de estruturação do romance, clique aqui e acesse o arquivo das edições anteriores.
Dicas quentes
A escritora e consultora literária, Ronize Aline, orienta a pensar na primeira cena do romance como a entrada que vai preparar o paladar para a refeição que virá a seguir. Se a entrada for incrível, presume-se que o que virá a seguir seja igualmente incrível. Confira, neste post, como fisgar o leitor já no primeiro parágrafo.
A escritora e mestra Thais Nunes mostra algumas técnicas interessantes para a cena de abertura. Vale a pena conferir:
Lendo
Tempestade selvagem, de Beverly Jenkins
O romance retrata a vida dos negros, após a Guerra Civil, e como a liberdade carecia de políticas que os fizessem estruturar suas vidas novamente. A autora mostra como as mulheres eram subjugadas através de uma protagonista negra que luta para ser respeitada. Personagens bem construídos e uma trama bem desenvolvida, com romance, boa ambientação e questões que movimentam o livro, além de um casal repleto de paixão.
Para encerrar a folia…
Há uma teimosia em mim que não suporta ser assustada pela vontade dos outros. Minha coragem sempre se ergue a cada tentativa de me intimidar.
Orgulho e Preconceito, de Jane Austen
Então é isso.
Sinto-me honrada por você ter me seguido até aqui neste bloquinho. Sinal de que minha missiva enlaçou você. Espero que tenha gostado desta carNewsletter e esteja com motivação suficiente para deixar um comentário. Vou apreciar.
Cordialmente,
Elizabeth Bennet (Mas você já havia descoberto minha fantasia nessa edição de Carnewsval, não é?).
Se desejar, compartilhe esta cartinha com outras pessoas que apreciariam este conteúdo.
Grata pela leitura e até a próxima!
Site: denisegals.com.br
Twitter: @denisegals
Instagram: @denise_gals
Acredita que até hoje não li Orgulho e Preconceito? É um livro que sempre está na lista, mas sempre fica pra depois. Lendo sua análise do comecinho eu fiquei instigado, desse ano não passa!
Tô tão pegada aqui nessa tua jornada de escrita, que tô esquecendo de curtir os posts, ansiosa para passar para o seguinte.