E o sonho virou projeto
A jornada de uma aspirante a escritora transformando o sonho de escrever em um projeto de escrita de romances.
Olá!
Após uma sessão de Escrita Criativa, incentivada pela minha mentora, estou aqui escrevendo a primeira cartinha da Aprendiz de escritora. Que desafio!
Está na hora de divulgar o seu livro!
“Você tem potencial para escrever um romance. — disse-me a querida @anarusche (se eu fosse você me inscreveria na Oficina de Escrita dela agora). — É muito gratificante ter leitores e leitoras, porque dá mais vontade de escrever. Então vamos colocar esses livros no mundo!”
Aqui estou, com a cara e a coragem, para compartilhar a jornada pelo processo de escrever os meus primeiros romances (Sim, são dois!). Vem comigo?
O começo da jornada
Nunca imaginei o quanto seria difícil começar a escrever efetivamente. O início foi a pedra em meu sapato.
No final de 2021, ingressei em uma jornada de estudo e pesquisa sobre a arte de escrever e sobre as técnicas de escrita de romances. Embora tenha trabalhado com Literatura a vida toda, nunca havia escrito um romance antes. Uma coisa é estudar as obras literárias. Escrevê-las é algo totalmente diferente. Requer, além de um certo talento — ainda não descobri se o tenho —, uma dose extraordinária de coragem, trabalho e dedicação.
O planejamento da obra
Para estruturar uma história completa, segui as etapas que constituem uma história e compõem o planejamento narrativo de um romance.
Ao final de 30 dias, eu tinha o primeiro romance completo planejado. Orientada e motivada pela consultora literária que analisou e aprovou a estrutura de meu romance, iniciei o processo de escrita de cada cena planejada.
Naturalmente, uma enorme tensão se instaurou em minha mente. “Agora é para valer”, dizia ela. Esforçando-me para ignorar estresses externos, concentrei-me na tarefa, orgulhosa por começar a escrita propriamente dita.
O primeiro mês de escrita
As sessões de escrita diárias e ininterruptas revelaram minha insegurança e incapacidade. Era difícil controlar a ansiedade para editar as cenas a todo momento — resquícios de professora, imagino —, mas desafiei-me a escrever até o fim.
Hoje avalio que teria terminado o primeiro rascunho há mais tempo, se não voltasse tantas vezes ao texto para corrigi-lo, interrompendo, assim, o fluxo criativo.
Relutei muito em mostrar as falhas de minha personagem principal. Só desejava revelar suas virtudes. Mantive, entretanto, a mente aberta para aprender e aplicar o que fosse adequado ao texto.
Inspirando-me nos romances que já li e estava lendo, tornei me mais receptiva a mostrar os detalhes que fazem as cenas mais “visíveis” ao leitor. Dessa maneira, dediquei-me a criar “pessoas” de verdade, humanas, críveis, dentro do universo que imaginei.
Exercitar a capacidade de síntese e enxugar o texto foi outro desafio. Vencer a prolixidade, a redundância, a vontade de dizer de novo e de enfatizar algo, matava meu texto. Isso vai subestimar a inteligência de meu leitor, eu pensava. Ele é capaz de fazer deduções e completar lacunas.
O primeiro teste beta
Quando me senti relativamente satisfeita com o rumo que o meu processo de produção estava tomando, e com o modo como as ideias iam fluindo naturalmente, enviei alguns capítulos a uma amiga. Tivemos uma longa e produtiva conversa sobre a premissa de meu romance.
Minha mente abriu-se para novos ângulos e novas possibilidades. Voltei ao texto e o reescrevi de acordo com as considerações que nossa conversa suscitou. Durante a reescrita, eu estava aprendendo e me surpreendendo com as novas possibilidades de construção da história.
Esforçava-me para pesquisar mais sobre o tema e tornar o texto mais verossímil. Criava diálogos melhores e cenas mais interessantes, a partir da observação e consequente inspiração das leituras e dos filmes de mesmo gênero e temática.
Driblando a sensação de incapacidade
Em um dado momento, percebi-me apressada para avançar na narrativa. Mais adiante, porém, senti-me incapaz de criar novas situações interessantes e fugir do trivial. Com preguiça e desmotivada, obriguei-me a continuar escrevendo.
Comprometida com a trama e sem pretensões, apenas, apreciando o momento, ao final do primeiro mês de escrita, encontrava-me mais atenta. As palavras precisavam transmitir conceitos e ideias que trouxessem alguma transformação.
Disposta a trabalhar para tornar meu sonho realidade, intensifiquei a tarefa com estudo e dedicação, beneficiando-me da pesquisa para enriquecer o texto.
Surpresa com as novas ideias que apareciam, à medida que eu escrevia sem parar, policiando-me para não voltar e editar. Os capítulos estavam mais curtos e enxutos. Eles só precisavam de substância.
Novos aprendizados e descobertas
Estimulada pela avaliação positiva da minha nova mentora, na oficina de escrita em que me inscrevi, concentrei-me na vibração do aprendizado e das descobertas. Nesse estágio, ainda buscava apenas prazer na escrita, sem preocupações de publicar. Sequer cogitava isso.
“Você tem potencial para escrever um romance” ela me disse. Animada, entrei de mente e coração na evolução da história, meio convencida de que talvez eu pudesse mesmo publicar um romance. Será?
Café à escrivaninha
Seguir o sonho de me tornar uma escritora abrange muito mais do que apenas aprender a escrever. Em minhas sessões diárias de escrita apaixonada, em minha escrivaninha, em frente à janela, tenho experimentado novas ferramentas e desenferrujado velhas habilidades.
Escrevo compulsivamente, com som de piano ao fundo, durante um período prolongado. Pode durar de cinco horas a doze horas. Nos intervalos, preencho minha cabeça com pesquisas sobre o tema de minha história e cursos de técnicas de escrita.
Às vezes, assisto a filmes ou a séries. Gosto de fazer caminhadas estacionárias (sem sair do lugar), alongamentos e andar pelo apartamento. Uso esse tempo para pensar em uma cena, ou em um diálogo, ou em alguma etapa em que se encontre a obra e crio uma estratégia de como vou escrevê-los na próxima hora.
Outras vezes, caminho pela rua atenta a tudo. Tento perceber o mundo ao meu redor como minhas personagens. Empenho-me em absorver as imagens, ações e ideias que fluem de minha mente para a história que estou produzindo. Quando observo as pessoas e as circunstâncias de diferentes ângulos, a criatividade aumenta.
Meu coração pulsa quando leio
Leio muito. Descubro novos autores e revisito os antigos. Releio meus favoritos. Tento identificar o que me atraiu para o mundo da história deles. Procuro ouvir suas vozes. Qual a sua personalidade. É convidativa e aconchegante, formal e solene, ou fria e distante? O que faz meu coração pulsar quando os leio?
A partir dessa busca por identificação, consigo escrever a partir da essência de minhas personagens. Posso entender suas mágoas e aflições, alegrar-me com sua felicidade, sentir seus medos, e, então, escrever em seu lugar.
Então é isso. Sou uma aspirante a escritora e trabalho em casa. Sigo perseguindo um sonho antigo e vejo, finalmente, a possibilidade de realizá-lo. Estou desafiada e realizada e não consigo me imaginar fazendo outra coisa nesta fase da vida.
Emocionada, entrego a primeira newsletter.
Ficarei feliz em receber um comentário seu. Pode ser?
A seguir: O passo a passo da estrutura do romance
Nas próximas cartinhas, vou compartilhar as etapas de estrutura da obra de meu primeiro romance. Vocês gostariam de ler e, quem sabe, opinar?
Escrever bem significa acreditar no seu texto e acreditar em você mesmo, assumindo riscos, ousando ser diferente, empurrando você mesmo em direção à excelência. Você escreverá bem à medida que se lançar a escrever. William Zinsser, Como escrever bem.
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Grata pela leitura e até a próxima! ❤️
A 'Aprendiz de Escritora' é uma newsletter quinzenal enviada às segundas-feiras.
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