Um projeto realizado

Fazer o que se ama antes que chegue a nossa hora. E viver eternamente em minhas histórias.

ago 14, 2023

Olá, pessoas queridas.

Esta é uma edição especial. Tenho uma novidade muito bacana para você que me acompanha na jornada da criação de um romance.

Recebi os primeiros exemplares de meu livro “Café & Romance”, das mãos de minha editora. Já estou planejando o dia do lançamento, minha gente! Assim que a data estiver confirmada, faremos uma tarde ou noite de autógrafos (sorri ao escrever isso). Aguardem.

Obrigado por ler a Aprendiz de Escritora!

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Vamos a mais uma cartinha?

O livro pronto

O “Café & Romance”, minha primeira publicação pela Editora Pedregulho já está pronto para ser enviado a quem o adquiriu na pré-venda. E disponível para compra no loja virtual da editora, neste link aqui.

O livro contém texto de orelha da minha mestra Ana Rüsche; o prefácio, da minha amiga querida Lúcia Freitas; a fabulosa ilustração da capa da minha companheira de turma de escrita, a talentosa Surina Mariana. Sentiram o peso desse time de mulheres maravilhosas?

A história narra a jornada da bibliotecária Diana, cuja vida se transforma quando resolve adotar um estilo de vida com mais liberdade e autonomia. Ao se aposentar, decide morar sozinha a fim de se dedicar a projetos adiados ao longo da vida. A decisão provoca turbulências em seus relacionamentos afetivos próximos.

Em cerca de 200 páginas, a voz do narrador em terceira pessoa se mistura ao fluxo de pensamento da protagonista e diálogos interessantes para contar uma história envolvente de busca por autonomia e realização de uma mulher de meia idade convicta de que começar uma nova carreira aos 50 anos é um desafio, não uma impossibilidade.

Aproveitar a vida

Há exatos onze anos, minha filha confidenciou-me que a Princesinha, minha neta, dissera-lhe, ao pé do ouvido, que eu precisava aproveitar a vida antes que chegasse a minha hora. “A hora dela?”, indagou-lhe mãe, ao que a espertinha respondeu: “É, a hora de morrer!”.

Não sabia se me espantava mais com a naturalidade como ela encarava a morte, aos 7 anos de idade, ou com a possibilidade de eu ir embora sem aproveitar a vida.

E minha mente começou a divagar. Pensei em meu pai, com mais de 80 anos, na época, cheio de vida. Pensei em Dercy Gonçalves, que viveu mais de 100 anos. Fui fazendo minha lista mental de pessoas que abusaram da longevidade. E fiquei imaginando quanto tempo ainda me restaria. Como eu poderia viver muitos e muitos anos. Talvez para sempre.

Trabalhar no que se ama

Li, naquele dia mesmo, um texto lindo da Roseana Murray, que reflete exatamente sobre minha pergunta. Ela diz que há pessoas que associam uma vida longa à alimentação e ao vinho e a outros fatores, porém, todos são unânimes em um ponto: “não se deve parar de trabalhar naquilo que se ama”.

Isto rendeu-me uma dor de estômago feia, porque eu, com 55 anos, na ocasião, não corri atrás de meu sonho: ser escritora. Passei mais de 35 anos dentro de salas de aula, ensinando o que amava: Literatura; mas, na verdade, o que eu desejava realmente era ser uma daquelas autoras bacanas que estudava em minhas aulas.

Talvez nunca chegasse aos pés de uma Clarisse, Agatha, Simone, Dinah, Cecília, Vivina ou Roseana, mas teria realizado meu grande sonho.

No dia seguinte, acordei meditando sobre o assunto. A Princesinha teria razão? Não aproveitei a vida? Talvez meu amor residisse mesmo em estudar a criação literária alheia. Ou era apenas covardia de não reconhecer que jamais me senti capaz de escrever um romance, um conto, um verso sequer, no qual eu viveria eternamente?

Uma amiga me perguntou, naquela época, como eu ia saber se não existia um gênio literário incorporado em mim? “Escreva, mesmo que seja só para a posterioridade!”, ela me instigou.

Agradeci o estímulo e argumentei que talvez até escrevesse um livro, mas não acreditava que alguém se animasse a lê-lo. Livro é fácil de escrever, eu disse a ela, difícil é ser “realmente” uma escritora, cujo talento na arte de brincar com as palavras é algo natural.

Escrever mais tarde

A ideia de escrever após a aposentadoria era tentadora. Cheguei a sonhar que estava escrevendo um livro. E acordei pensando se não era a hora de começar a fazer meus esboços e ir guardando. Acreditei que já estava na hora de fazer o que realmente queria. Comecei a amadurecer um projeto. Isto em 2012, gente.

Então, dei o primeiro passo: comecei uma oficina literária particular e privada, uma espécie de preparação. Quem sabe, não me animava e escrevia o meu livro de uma só leitora – a minha Princesinha?

Hoje, onze anos depois, com meu primeiro romance publicado, mesmo que chegue a minha hora, poderei viver, eternamente, em minhas histórias. Disparei atrás do sonho de ser escritora e o agarrei com unhas e dentes. E aqui está o “Café & Romance” concretizado.

Uma palhinha

Ao voltar da caminhada, Luci encontrou Hugo em frente ao prédio. Mesmo suado, esbanjava charme, de camiseta e bermuda em tons de cinza.
— Fiu-fiu — Luci assobiou —, Diana precisa se cuidar, hein. Mudou a rota da corrida aos domingos?
— Bom dia, Lu. Com essas rugas não estou com essa bola toda, não — riu sem graça. — Preciso encontrar a Diana. Você tem falado com ela?
— Falei hoje cedo. — Luci enrolou os cabelos em um nó, formando um coque na nuca. — Tá ocupada com a mudança.
— O que está havendo com ela? Ontem veio com essa história de morar sozinha. Ignorou minhas mensagens. Liguei várias vezes, e nada. — Hugo balançou a cabeça de um lado para o outro.
— Vocês já estão há anos cada um na sua casa. Sempre se deram bem. É normal ela ficar receosa de morar junto de repente. E você pisou na bola, né, meu amigo?
— Pois é, eu lidei mal com isso ontem. Fiquei com raiva e expulsei ela. A gente precisa conversar. — Hugo coçou a barba. — Na casa da Mara é uma péssima ideia. Se, ao menos, ela respondesse às minhas ligações.
Fragmento de “Café & Romance, de Denise Gals.

E é isso!

Obrigada por ler essa edição. Se gostou, deixe um comentário. Vou adorar.

Aprendiz de Escritora