Considerações sobre uma história
A expectativa diante daquele momento da análise do manuscrito já pronto.
Olá, para você, de novo!
Estou feliz e grata por você abrir mais uma cartinha e acompanhar a jornada na estruturação e escrita de meus romances.
Agora, com a publicação do primeiro romance, seguirei compartilhando a segunda parte do processo de sua criação: a escrita das cenas e as etapas de edição.
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Vamos a mais uma cartinha
Nas edições anteriores, falei como foi ter leitoras interagindo, em tempo real, com minha história, durante a produção das cenas, e a sensação de receber as primeiras devolutivas de outros escritores nas oficinas de escrita.
Hoje vou compartilhar a fase seguinte à escrita do esboço do romance: a avaliação crítica de uma profissional. Aquele momento da análise do primeiro texto já pronto. Além de detectar pontos fortes e pontos fracos da narrativa, eu receberia sugestões de alterações no desenvolvimento da história.
Uma avaliação profissional
Com o coração na mão, enviei o manuscrito do meu romance à minha mentora. Nós havíamos trabalhado juntas no desafio de estruturar a narrativa do meu romance. Todas as cartinhas anteriores em que descrevo as etapas de organização da história, tiveram por base as orientações certeiras da querida professora Ronize Aline, durante os dias de confinamento na pandemia. Então, a confiança era mútua.
Com a estrutura pronta, eu havia levado quase dois anos escrevendo e reescrevendo as cenas, a partir das devolutivas das leitoras acompanhantes e de colegas das oficinas de escrita. Assim, quando enviei o manuscrito à mentora, muitas edições já haviam ocorrido no texto original.
Além disso, eu tinha mudado, com alguma relutância, o título provisório, "Café & Romance" para "Escrevendo sonhos na livraria". Essa foi a minha primeira insegurança: não sabia que nome dar à minha história. Você já sabe qual foi a decisão final, não é?
O veredicto
A expectativa nos dias seguintes era intensa. Um mês depois, recebi as considerações sobre o primeiro esboço do romance. Meus personagens, bem trabalhados, não eram superficiais, tinham profundidade e, especialmente, background - o passado deles interferia na história presente.
Alívio. Senti-me de volta aos bancos da universidade, quando a professora avaliava meus trabalhos. Sensação esquisita e fascinante, ao mesmo tempo.
As considerações seguiram, a respeito do cenário, sobre como usei a paisagem do Rio de Janeiro como um elemento ativo da trama. Confesso que me diverti bastante nas pesquisas e nas memórias das sensações dos lugares por onde transitei tantas vezes. De vez em quando, volto à pasta no Evernote, onde mantenho as fotos dos lugares citados na história e releio as notas arquivadas durante a organização da estrutura e a escrita do romance.
Em sua análise, minha mentora observou como os conflitos externos e os conflitos internos dos personagens principais foram trabalhados e expostos. Aprovou o desenvolvimento dos eventos interligados, com vários pontos de dificuldade para os personagens e pontos de virada interessantes.
Respirei fundo. Minha história estava bem estruturada. Os únicos problemas, sinalizou ela, eram questões de formatação de diálogo, não de conteúdo. Erro básico, professora.
Com o relatório e as notas da leitura crítica de minha mentora, passei mais algum tempo aperfeiçoando os detalhes em meu manuscrito. A partir de então, uma sucessão de considerações sobre a história viria. Meu texto enfrentaria mais avaliações. A única expressão para definir meu sentimento nesses momentos era “frio na barriga”, entende?
Na próxima cartinha
A etapa seguinte seria submeter meu original a uma leitura da história pronta e editada. Este será o assunto da próxima edição: a análise completa do original editado, por uma leitora beta.
Uma palhinha
Adaptada ao disfarce, Diana deu a impressão de ser uma leitora como outra qualquer. Não causou nenhum acidente com as xícaras de café acumuladas na mesa de madeira. Mas sentia-se envergonhada por se divertir às custas de Mara.
A única coisa a fazer, no momento, era manter um silêncio digno sobre a autoria da obra. Vou resistir e manter o anonimato, decidiu.
— Acho que essa escritorazinha medíocre deveria enterrar sua pretensão de grande romancista. — Mara fechou o livro e o jogou sobre a mesa. — Por hoje, basta. No próximo encontro vamos ler…
Diana pediu licença e apressou-se em direção ao banheiro. Não ia permitir que vissem suas lágrimas. Quando voltou, Mara já havia ido embora. Tinha um compromisso.
Fragmento de “Café & Romance, de Denise Gals.
Lendo
A casa dos novos começos, de Lucy Diamond
Na verdade, estou relendo este livro. Citei-o em uma cena do meu Café & Romance. A trama é sobre amizade e sororidade feminina. Três mulheres com idades e estilos de vida bem diferentes são reunidas em uma casa, e vínculos profundos entre elas se estabelecem. É uma mescla de humor e temas sérios - como perda e luto - e as responsabilidades de mulheres contemporâneas.
(Só vou citar um livro hoje, pois ainda ando às voltas com outras leituras atrasadas.)
Para terminar
"Às vezes, era preciso dosar a tristeza. Se conseguisse se distrair, manter-se ocupada, ativa, o tempo acabaria passando até chegar a hora de apagar as luzes e dormir."
Lucy Diamond, em A casa dos novos começos
Então é isso!
Agradeço, outra vez, por você ler essa edição. Se gostou, deixe um comentário. Vou adorar.
Se desejar, compartilhe esta cartinha com alguém que poderia apreciar o conteúdo.
Também convido você a ler o meu livro “Café & Romance.
Ele está disponível na loja virtual da Editora Pedregulho ou direto comigo.
Até a próxima cartinha!