Onde se passará a sua história?
Explorar todas as perspectivas do cenário o transformam em uma fonte rica de elementos narrativos.
Olá!
Enquanto escrevo mais uma cartinha, experimento a sensação de ter o original completo e em fase de revisão e preparação do texto. Estou feliz por você continuar acompanhando a jornada de estruturação de meu primeiro romance.
Se perdeu algum dos passos anteriores do desafio, acesse o nosso arquivo.
Vamos a mais uma cartinha?
Onde acontece a história
Na última carta, mostrei como defini o narrador e o ponto de vista de quem vai contar a história em meu romance. Hoje, vamos falar do cenário, com os detalhes e as características que o tornam uma fonte rica de elementos narrativos.
Ao compor a estrutura do romance, eu precisava decidir se ambientaria a narrativa em um cenário real ou fictício. Preferi optar por um lugar que eu conhecesse bem e explorar pontos específicos a meu favor. No caso de haver um ambiente em particular, bastaria fazer uma pesquisa minuciosa antes de começar a escrever.
Na hora de contar a história, eu deveria tirar proveito das peculiaridades do ambiente, e observar sob várias perspectivas. Desde a parte física, os cheiros, os sons que apresenta, as oscilações de luz, os costumes, e assim por diante. E ainda mostrar como os personagens interagem com essas particularidades.
Cenário real com toques fictícios
Optei por ambientar a trama do romance em um país e uma cidade conhecida. Para isso, tive o cuidado de citar os detalhes que julguei ser importantes para serem explorados, de modo que os leitores e as leitoras façam um passeio pelos locais que reconhecerem ou sintam-se impelidos a irem até eles.
Escolhi dois bairros próximos, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no Brasil, para os locais de trabalho e lazer e para os apartamentos da protagonista e dos outros personagens. Não vou contar quais são eles para deixar um gostinho legal na hora de ler e se identificar com algum ambiente.
o O apartamento da protagonista ficará localizado em um prédio antigo de esquina, todo reformado em branco com direito a janelão panorâmico e bancada de trabalho em frente à janela. A rua e o prédio existem de verdade, mas o interior do apartamento foi criação minha, obviamente.
o Embaixo do apartamento da protagonista, haverá um restaurante desativado, que, mais tarde, será transformado em um ambiente colorido e atraente para dar lugar ao negócio com o qual ela sonhou por anos.
o Utilizei os espaços reais de uma livraria charmosa no Rio, com poltronas para uma leitura despretensiosa e uma cafeteria no mezanino, onde acontecerão os encontros da protagonista com a antagonista. Sim, ela procurava um local público para os embates com a fulaninha.
o Vocês vão suspirar com o terraço de um famoso hotel na orla, onde a protagonista irá com seu parceiro amoroso para um delicioso o café da manhã. Também vou utilizar um restaurante real, no bairro próximo ao apartamento dela para encontros de negócios e lazer.
o Além dos cafés semanais com fofoca, na casa a amiga confidente, as caminhadas matinais das duas acontecerão em um pitoresco ponto turístico com a vista mais maravilhosa desta Cidade. Já adivinhou qual é?
o Durante boa parte da narrativa, a protagonista passará o tempo no apartamento do parceiro, em um bairro próximo, também real, mas não especifiquei a rua ou o local exato. Apenas criei o ambiente, em tons de cinza, de acordo com o estilo do homem.
o Ao final da narrativa, a protagonista e seu parceiro deverão escolher um novo modelo de moradia, e, para isso, trabalharão para encontrar o local ideal para isso. Não vou contar, é óbvio, para não entregar o desfecho da história, hehe.
Trabalho, lazer e amor
Minha protagonista, assim como as outras personagens, passarão parte da trama, entre um conflito e outro, no conforto de seus lares. Costumarão correr diariamente, sair para jantar de vez em quando, ir a eventos literários e culturais e passear de mãos dadas. Penso que cada personagem tem sua fé e crença, mas não explorarei esse lado no enredo. Desse modo, não teremos igreja nem eventos religiosos. Procurei dar um tom mais voltado para o trabalho, o lazer e o relacionamento das pessoas no dia a dia.
Espero que o cenário e os ambientes reflitam o estado de espírito e a disposição dos integrantes da história que criei, de modo a transmiti-los a quem ler meu romance.
Na próxima cartinha…
Vamos falar sobre como criei um gancho irresistível, de modo que quem ler a história deseje mergulhar na aventura que estamos contando.
Espero que gostem de ler e, quem sabe, opinar. Vou adorar. :)
Lendo
Vox, por Christina Dalcher
Ainda às voltas com esse romance, passando nervoso com a trama apavorante, no estilo de O conto da Aia, da Atwood. O governo decreta que as mulheres só podem falar 100 palavras por dia e são impedidas de trabalhar. A escola não ensina mais as meninas a ler e escrever e as mulheres são monitoradas e penalizadas por infrações ao novo código de conduta. Lutando por si mesma, sua filha e todas as mulheres silenciadas, a protagonista vai reivindicar sua voz. Recomendadíssimo.
Na fila
Formas de voltar para casa, de Alejandro Zambra
Continua na fila, desde a edição passada dessa newsletter. Não sei o que esperar dessa leitura da vez em um dos clubes do livro de que participo. O romance narra as memórias de um homem cuja infância foi vivida durante a ditadura de Augusto Pinochet, no Chile. O protagonista busca entender acontecimentos nebulosos do passado e, quem sabe, encontrar ferramentas para finalizar um romance que está escrevendo no presente. Já leu?
Recomendando
A querida Surina Mariana me fez refletir sobre como, ao sentir ódio, é possível entender que a nossa identidade não vem só das coisas que amamos, nem dos nossos filmes preferidos, ou dos livros que mudaram a nossa vida, nem dos hábitos e interesses compartilhados. Uma parte da nossa identidade vem das coisas que nós odiamos.
Odiar é criar um inimigo e o inimigo me diz por contraste e semelhança quem eu sou.
Recomendo fortemente o Sofá de Surina:
Para terminar…
Eu-mulher em rios vermelhos inauguro a vida. Em baixa voz violento os tímpanos do mundo. Antevejo. Antecipo. Antes-vivo Antes – agora – o que há de vir. Eu fêmea-matriz. Eu força-motriz. Eu-mulher abrigo da semente moto-contínuo do mundo.
Conceição Evaristo, em "Eu-Mulher".
Então é isso.
Estou feliz por você ter me lido até aqui. Se quiser, deixe um comentário. Vou adorar.
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Grata pela leitura e até a próxima!
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Curiooosa com essa história!
E.. a caminhada é na Lagoa Rodrigo de Freitas?
beijo.