Quem conta a história?
O ângulo a partir da qual a história é contada deve estar intimamente relacionado ao narrador escolhido.
Olá!
Estou contente por compartilhar mais uma cartinha da Aprendiz de escritora. A jornada de estruturação de meu primeiro romance segue de vento em popa. Espero que você curta a leitura.
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Vamos a mais uma cartinha?
Quem vai contar a história
Na última carta, falei sobre como os coadjuvantes repercutem no tema, refletindo-o ou se opondo a ele. Hoje, a cartinha será mais curta. Vamos tratar do narrador e do ponto de vista a partir do qual a minha história será narrada. Como eu defini quem vai e como vai contar a história em meu romance.
A perspectiva de quem narra
O ângulo a partir da qual a história seria contada em meu romance deveria estar intimamente relacionado ao narrador escolhido. Se eu optasse por um narrador em primeira pessoa, todos os eventos seriam vistos a partir dele. Seria uma maneira focada de contar a história e favoreceria a intimidade com o leitor.
Entretanto, uma coisa que eu não sou é focada. Eu queria um narrador que me desse liberdade para variar o olhar ao longo da narrativa. Queria mudar o ponto de vista entre os diferentes personagens a qualquer momento.
Pensando nisso, preferi trabalhar com um narrador em 3ª pessoa onisciente. Nesse caso, quem contará a história em meu romance saberá de tudo, verá tudo, até quando não estiver presente no fato narrado. Será um narrador intrometido e fofoqueiro. Um tanto parceiro também.
Como a história é narrada
o O meu narrador usa, preferencialmente, uma linguagem culta, mas sem muitos rebuscamentos. Gosto de uma escrita simples, com frases curtas e diretas.
o Amo histórias com muita conversa. Assim, decidi abusar de diálogos entremeados de narração e descrição das ações e sensações dos personagens.
o A conexão entre a voz do narrador e dos personagens também é bastante presente na narrativa.
o Onisciente, meu narrador viverá dentro de suas mentes, com fluxo de pensamento a torto e a direito.
Assumindo meu BO
Como disse minha sábia orientadora, a decisão de usar diálogos e digressões é minha. Este é um estilo que decidi abraçar para dar um ritmo mais animado à história e revelar minhas personagens através de seu comportamento e de suas emoções.
Assim vou bancar essa idiossincrasia. Em meu romance, as personagens falarão o tempo todo. Ao vivo e dentro de suas cabecinhas. Minha protagonista fantasiará a realidade e viajará na maionese sempre que se sentir sozinha.
O narrador nos conduzirá para dentro de sua imaginação exageradamente fértil e um tanto dramática.
Assumirei meu BO.
E você, também prefere um narrador divino como esse? Conte para mim.
Na próxima cartinha…
Vamos falar sobre o cenário, com os detalhes e as características que o tornam uma fonte rica de elementos narrativos.
Espero que gostem de ler e, quem sabe, opinar. Vou adorar. :)
Lendo
Lá não existe lá, por Tommy Orange
Um romance emocionante que traz um conjunto de vozes nativas americanas em uma narrativa sobre família, perda, identidade e poder, derrubando estereótipos sobre a literatura e a experiência dos nativos americanos nas cidades.
Gilead, de Marilynne Robinson
A deliciosa narrativa de um pregador cujo coração está falhando, escrevendo cartas para seu único filho, agora com seis anos, para que, quando o menino atingir a idade adulta, tenha esta conversa unilateral póstuma: "Enquanto você lê isto, sou imperecível, de alguma forma mais vivo do que nunca."
Na fila
Formas de voltar para casa, de Alejandro Zambra
O romance narra as memórias de um homem cuja infância foi vivida durante a ditadura de Augusto Pinochet, no Chile. O protagonista busca entender acontecimentos nebulosos do passado e, quem sabe, encontrar ferramentas para finalizar um romance que está escrevendo no presente.
Para terminar…
“Mas se é difícil carregar a solidão, mais difícil ainda é carregar uma companhia. A companhia resiste, a companhia tem uma saúde de ferro! Tudo pode acabar em redor e a companhia continua firme, pronta a virar qualquer coisa para não ir embora, mãe, irmã, enfermeira, amigo…”
Lygia Fagundes Telles, em Eu Era Mudo e Só
Então é isso.
Estou feliz por você ter me lido até aqui. Se quiser, deixe um comentário. Vou adorar.
Se desejar, compartilhe esta cartinha com outras pessoas que curtiriam este conteúdo.
Grata pela leitura e até a próxima!
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Gostando de acompanhar essa jornada. Curiosa com essa narradora. Vamos ver que samba sai dessa onisciência.
beijos